Em uma pequena vila vivia uma garota, tímida, muito comportada e muito quieta. Ela socializava muito pouco com as outras crianças. As pessoas a consideravam estranha. Era como se não aceitassem o modo fechado da menina. Sua mãe era muito apegada a ela. Seu pai havia ido embora quando a gravidez foi descoberta, deixando-a numa situação de miséria. Anny, a mãe da menina, trabalhava até tarde da noite. Sua casa ficava quase dentro da floresta, pouco afastada da pequena civilização. A garota - cujo o nome ninguém nunca soube - passava o dia sozinha, na companhia apenas de pequenos animais. Apesar de tudo, de morar com apenas sua mãe e não ter praticamente ninguém para brincar e desabafar, como uma garota normal da sua idade, ela era feliz.
Aos 14 anos sua vida era a mesma. Sozinha na maior parte do tempo, sendo motivo de chacota a todo momento. Ela sentira que algo, de alguma forma, mudaria. Seu aniversário chegaria logo. Não esperava nada muito grande, imaginava que seria um aniversário como todos os outros. Algumas crianças do vilarejo e que frequentavam a mesma escola da "estranha" sabiam do tal dia, que coincidentemente, era no mesmo dia do Halloween. Elas resolveram pregar uma peça na menina. Disseram a Anny - a mãe - que a menina merecia uma surpresa e queriam se tornar amigos dela.
Nos seus quinze anos, ao bater da meia noite, cinco crianças de idade variadas foram buscá-la. Ela, sem muita vontade, foi só pelo sorriso de sua mãe, que se sentia feliz em vê-la com pessoas que, aparentemente, gostavam mesmo da companhia de sua filha e a queriam bem. Todos foram para o meio da floresta, onde a casa já não podia mais ser vista, Pegaram um crânio de um corvo e colocaram na cabeça da menina, que em prantos, gritava pedindo socorro.
Ela corria, enquanto ouvia xingamentos e insultos que comprovavam o quanto esse aniversário não seria como os outros. Há alguns passos de um penhasco, as crianças a seguraram e lhe fizeram várias torturas psicológicas, fazendo com que a menina se debatesse. Soltando-se e mais uma vez correndo, sem poder ver nada, a garota então, por um segundo, ouviu um grito, alto e aterrorizante, dizendo: NÃO!
Nesse instante as crianças estavam chorando, em pânico com a queda. A mãe foi avisada com a versão de que a garota havia se desequilibrado, enquanto eles brincavam. Destruída, pois sua única felicidade, agora, estava morta, trancou a casa e foi para o mesmo penhasco e, a mesma forma, pôs fim a sua vida. As crianças, hoje em dia, adultos, vivem com alucinações e escutam sempre coisas assustadoras, vindas de uma alma sofrida e inocente, que um dia lhes deram algo muito valioso: a confiança. Esta, por sua vez, também se fora, junto com a queda, num som pesado, numa lua cheia, num céu nublado, num dia de halloween.
Amanda Martins de Barros - 1D - EE Luzia de Abreu